Apelo

sábado, 16 de abril de 2011
      Nesta segunda feira (dia 11/04), após retornar de um dia no trabalho, fui informada – por vizinhos – que um agente da prefeitura de São Paulo havia comparecido a cada uma das residências de nossa rua, notificando os moradores sobre uma repentina desapropriação, também dando-nos quinze dias para que realizassemos todo o processo de mudança.
      Pensava eu, que o poder público deveria fazer uma declaração expropriatória, onde justificaria a utilidade pública ou o interesse social na desapropriação. Que a autorização legal era requisito indispensável nos casos de desapropriação de bens.
Esta tal declaração deveria conter o responsável pela desapropriação, a descrição de nossos imóveis, a declaração de utilidade pública ou interesse social, a destinação a que se pretendia dar às casas, o fundamento legal, bem como os recursos orçamentários destinados à desapropriação. Que a Administração Pública possuia desde a data da expedição da declaração até o último dia de um prazo de dois a cinco anos para propor ação de desapropriação e promover a citação conforme o artigo 219 do Código de Processo Civil.
Mas, obviamente contrariando toda a metodologia prevista por lei, nem ao menos uma pequena carta autenticada recebemos.
E não poderia-se alegar de que não haviam pessoas na casa, já que até em caso de intimação judicial existe uma segunda tentativa de entrega.
Logo, na ausência do cumprimento das obrigações legais, deveria-se destacar ainda que sempre que verificássemos alguma ilegalidade ou inconstitucionalidade no ato de desapropriação, poderíamos oferecer impugnação judicial pelas vias ordinárias, ou até mesmo através de mandado de segurança, sendo possível proceder com uma liminar que suspenderia o procedimento.
Gostaria de dizer, também, que a desapropriação somente se completaria após o pagamento de prévia indenização, tal como preceitua a atual Constituição Federal.
O artigo 15 do decreto-lei nº 3.365/41 prevê a possibilidade de que seja permitido ao Poder Público requerer ao juiz a imissão provisória na posse, ainda no início do processo, mas esta só seria concedida se fosse verificada urgência e depositado em juízo valor fixado segundo critério previsto em lei, em favor do proprietário.
O direito dessa mesma indenização está protegido pela nossa Constituição Federal, que determina que a mesma seja prévia, justa e em dinheiro.
A quantia deveria ser proposta levando-se em consideração aspectos como: o valor do bem expropriado, incluindo-se aqui as benfeitorias que já existiam no imóvel antes do ato expropriatório; lucros cessantes e danos emergentes;  juros compensatórios, merecendo destaque aqui as súmulas 164 e 618 do Supremo Tribunal Federal; e a número 69, proferida pelo Superior Tribunal de Justiça;  juros moratórios;  honorários advocatícios; custas e despesas processuais; correção monetária e despesas relativas ao desmonte e transporte de mecanismos instalados e em funcionamento (art. 25, parágrafo único do mesmo decreto-lei).
Mas nenhuma providencia foi tomada.
O direito à moradia já encontrava previsão constitucional no artigo 7º, inciso IV, da Constituição Federal, como direito do trabalhador urbano e rural a um "salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim".
      Pergunto-me, enfim, como deveria agir e a quem deveria recorrer quando direitos tão básicos e exigências cruciais são desavergonhadamente submetidos à alegações com péssimos fundamentos e à terrível falta de vontade de nossos governantes de adquirir uma maior visão a respeito do que se passa com o povo brasileiro.
Por falta de fiscalização e pela negligência, já havíamos passado por não muito agradáveis situações. Sofremos com alagamentos em resultado do uso inadequado de um terreno abandonado por uma única pessoa que nem ao menos realmente reside em nosso logradouro, o que foi descaradamente usado contra nós em uma despeitada alegação, acusando-nos de descaso para com a situação de nossas moradias quando apenas fomos vítimas do que sempre ocorre neste país. A falta de interesse.
Deveria eu, então, clamar pelo auxílio da mídia neste martírio que vem sendo o simples fato de querer assegurar a permanência de algo que construímos com nosso próprio dinheiro adquirido com suor do trabalho? Clamar por ajuda quando tudo deveria ser previsto, levando-se em conta os absurdos impostos que pagamos?

OMFG! Ana no... NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!

sábado, 9 de abril de 2011
      Tendo chego o adorado final de semana, cá estava eu aproveitando a falta do que fazer quando descobri que a Ana do Tá e Daí? iria participar do youPIX festival 2011 aqui em São Paulo!
Creio eu que fui possuída por dezenas de espíritos de groupies das mais fanáticas. Um frenesi inacreditável e aquela vontade de sair pulando, já imaginando as formas de pedir uma foto e, se com muita sorte, poder dar um abraço. Aquela alegria – digna de fangirl – quase infantil, correndo para trocar o plano de fundo da área de trabalho para um aviso bem grande "ANA NO YOUPIX!"

E aí eu percebo que estarei trabalhando.

http://img001.groups.im/pic//G/2010/10/04/ff8080812b72d8c8012b788eecea22e6.GIF
(Um bom gif vale mais do que mil palavras)

      Dia vinte e sete, às 15:30 da tarde, eu estarei saindo da minha baia, então, se um dos meus amados amigos me amar o suficiente, gostaria de que conseguissem-me um autógrafo. Ok? Pode ficar no lugar do meu presente de aniversário feat. de natal feat. de outras comemorações que vocês queiram cabular. 

       Ah, sim. Aproveitando o tópico. Eu consegui entrar para o mundo da camelagem dos trabalhadores! E, até agora, estava muito contente com isso. Pretendia passar a semana com aquele sorrisão no rosto, sem ligar para as duas horas enfrentando trânsito e metrô lotado.
Creio que, finalmente, entendi o que significa estar em um escritório de segunda a sexta e depois ter de correr para a escola. 
Já dava valor antes. Agora que faço parte, o respeito pelos camelos estagiários triplicou.

Well, quem sabe da próxima vez, right? 

Ah, sim (novamente). O trabalho serve como desculpa para a falta de posts e pela quebra da promessa do movie suggestion.

Creative break

segunda-feira, 28 de março de 2011
      Mais conhecida como "Pausa por falta de criatividade", literalmente.
Meus devaneios estão a cambalear como zumbis dos letárgicos, sem cadência alguma, famintos por atividade cerebral e fedendo à podridão por falta de utilização.

Mas, como eu tenho um apego incrível por meus irrelevantes lapsos de criatividade, deixo o resultado de toda essa falta de afinco para prosseguir e tentar alcançar um traço da genialidade de certos seres humanos.

Piadinha (Criada ou ao menos primeiramente postada por mim) classificada como "Levemente engraçada" pelo Yuri, "Eu ri" pelo Lucas e "Entendi. Legal" pela minha mãe:

Por que a pérola negra apelou para um processo?
Porque ela vinha sofrendo ostracismo. 

http://www.gifsoup.com/webroot/animatedgifs5/1984683_o.gif
   
Decadência.

      Prometo que faço algo decente essa semana. Teremos um Movie Suggestion gostosinho.

Your Inner Child's Frenzy

terça-feira, 15 de março de 2011
      Dando uma breve passeada  pelo Youpix, deparei-me com um post interessante que levou-me a um site mais interessante ainda. Curioso, aliás.
O Perpetual Kid® tem como objetivo entreter a criança interior de seus clientes, proporcionando artigos antes apenas idealizados pelos subconscientes alegremente infantis de muitos de nós.
      Além de uma imensa variedade de utilidades e inutilidades idiotamente incríveis, uma série específica chamou-me a atenção.
O site disponibiliza uma página de características únicas intitulada "Bacon love". E seu conteúdo varia entre adesivos, ítens de cozinha, pílulas efervescentes e até uma – quase completa – série de artigos para higiene pessoal com uma temática mais do que esclarecida pelo título.

BACON SOAP
Bacon Soap
BACON TOOTHPASTE
Bacon Toothpaste
BACON FLOSS
Bacon Floss
Impossível não se lembrar de muitos dos blogueiros famosos por aí, não é? Creio que seriam bons presentes. Um tanto quanto difíceis de se utilizar, mas divertidos.

      Na loja online também podemos encontrar forminhas de biscoito com formas de ninjas, tampas de canetas que transformam-se em talheres, tampas reutilizáveis para salvar a cerveja não terminada, cuecas de emergência em caixas de lencinhos de papel e muitos estranhos acessórios para o banho (incluindo outros sabores exóticos para pasta de dente).

A única pergunta que nos resta é: Entrega no Brasil?

YOU DESERVE A MEDAL - TRUE LOVE
Amor, essa é para você.

Little Monster

segunda-feira, 14 de março de 2011
      Nunca escondi que música pop jamais esteve no grupo composto por minhas grandes favoritas entre todas as mais impossíveis variações de meus gostos pessoais. E, da mesma forma, nunca escondi que, se o cantor ou a banda (existe banda pop hoje em dia?) realmente faz por merecer, deixo-me apreciar com o orgulho de ter a liberdade de gostar do que quiser sem ter de saber, por exemplo, quantas unhas encravadas os respectivos componentes já tiveram; seus locais de nascimento; os nomes de seus tios-avós; quantas músicas vieram a compor ao todo e quanto tempo levaram para isto.
Inclusive, muitos dos meus amigos sabem que eu gosto de inúmeras bandas e, ainda assim, não gosto de todas as músicas. Sempre tem aquela que parece não se encaixar no padrão e não ser realmente boa. Tenho o costume, aliás, de baixar discografias inteiras por apenas uma música e, então, descobrir quais são as que se igualam, as melhores e as desconsideráveis.
Não vou me bitolar para não ser chamada de poser. Eu gosto do que é bom, mais uma vez.
      Venho notando algo que lamento não ter deixado passar por minha mente antes. Uma das desvantagens de fechar-se a algo que não lhe agrada, afinal.  Minha falta de atenção para esse mundo pegou-me desprevenida quando, há uns dias atrás, fui observar as estatísticas do blog e deparei-me com as palavras-chave de pesquisa.
"LitlleMonster" "Mundo dos lirou monsters" "litle monster ladi gaga"
Desculpe. Oi?

http://i682.photobucket.com/albums/vv183/kuri91/LadyCarrey.gif
   

Fui pesquisar e, com poucos clics, descobri que "Little Monsters" seria a forma carinhosa com a qual a moça trata seus fãns.
Se fosse só pelo fato de bater com o nome do blog, sem problemas. Eu até riria e esqueceria em poucos minutos, como acontece com muitas coisas, mas o modo de agir dessas pessoas me deixa perturbada.
Não apenas porque não limitam-se a apreciar melodias e refletir sobre letras que, talvez, sejam interessantes ou belas. Ou contagiantes. Essa euforia absurda, essa ânsia, essa febre tira-me do sério. 
Você gritar e se soltar porque não consegue esconder o prazer que aquele som lhe causa, é normal. Saudável é você querer apertar a mão ou tirar uma foto com uma pessoa que, com seus grandes pensamentos e melodias de diferentes notas, influenciou alguma etapa de sua vida e (ou) te ajudou a superar algum obstáculo de qualquer tipo. Sentir afinidade por aquele ser que, mesmo tão distante de seu mundo, conseguiu aproximar-se de alguma forma.
A coisa fica estranha quando você começa a se sentir como se estivesse amando essa pessoa. Berrar "Eu amo você" até que as dimensões de seus pulmões reduzam-se ao tamanho de uma bola de golfe. Dizer que simplesmente morreria por este alguém. Fazer tatuagens idênticas às que estão naquela pele. Ainda mais em certos casos quando se nota que este ídolo não fez absolutamente nada para merecer essa obsessão.
Atenção, eu não estou dizendo que a moça não merece ser admirada. Longe de mim dar qualquer opinião sobre a capacidade de um outro ser humano. Mesmo porque a voz dela – quando na ausência de mil efeitos diferentes – agrada-me e muito.
Mas eu não sou O-BRI-GA-DA a aguentar garotinhas e garotinhos sem rumo na vida tentando arrumar briga comigo porque me escutaram dizer o nome do meu tão sonhado blog e vieram me dizer que eu estava copiando a "leidi gaga" deles.
Primeira dica? Se querem dizer que são fãs, parem de pesquisar sobre detalhes tão irrelevantes e façam um cursinho de inglês apenas para tomarem nota de que é "Lady". Não compreendo como ainda conseguem escrever errado com o nome dessa mulher aparecendo em tantos textos por aí. Vocês são cegos? O site que anunciou "Saiba quando GaGa teve sua primeira menstruação" não tinha escrito direitinho? Céus. Recuso-me a imaginar como cantam as músicas. "Iarnuou" feelings, suponho.

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      Desejei esse blog por muito tempo. Sabia que ele não seria famoso e nem sequer consideravelmente frequentado, porque não é todo mundo que se interessa por ler os pensamentos alheios. Mas, mesmo assim, eu sonhava. Pensava no que viria a postar (e hoje esqueci tudo), divagava sobre o layout que teria e, é claro, sobre o nome que viria a receber.
As ideias originais giravam em torno de algo que destacasse, inicialmente e com poucas palavras, a delicadeza de algo tão incomum. Afinal, já disse mil vezes que sofri dos mais variados tipos de preconceitos e traumas não me faltam. Tomam-me por algo que não sou porque jamais dedicariam-se a compreender. Ignorando o fato de que venho a ser, no fundo, como qualquer outra pessoa. 
Sei quantas pessoas por aí vem a sentir-se de forma semelhante. Sei que muitos seres humanos acham que o que é diferente deve ser tratado como não tendo coração. Acontece.
Foram, também, outros muitos fatores. Até a música Little Monsters (Charlotte Gainsbourg) teve a sua parte. 
Então, para alguns dos pedantes seguidores da cantora: sintam-se bem e permitam-me sentir melhor ainda por saber que, jamais, alguém como vocês fará parte dos meus pequenos monstrinhos.

Whatever it be

segunda-feira, 7 de março de 2011

      
Venho notando que não sou lá do tipo de mulher que se pode colocar no grupo do clichê original.
Lembro-me bem que, de tanto não ligar para assuntos femininos, aos onze anos disse algo como "Mas eu sou mulher" para uma de minhas amigas e a tal fulana me respondeu com um "Não, não é. Você é mocinha, mulher é só quando perde a virgindade". Na hora me veio um "Ah, tem isso também? O meu sexo não importa? Serei mulher apenas dependendo de outro homem, que maldita simbiose."
Digamos que estou na ramificação entre "Girly" e "Extremo oposto". Não gosto de ficar babando em diferentes lojas nas quais não posso entrar sem ficar constrangida pelo olhar reprovador dos vendedores que não suportam a frase "estou só dando uma olhadinha" como nesses lugares que vendem mercadoria com preço muito elevado para o padrão de vida dos moradores da região em que se situam.
Detesto ser avaliada pelo que visto. Pergunto-me, aliás, se minha aparência é tão mais suja do que a alma dessas pessoas que recebem menos de um salário mínimo mas compram um tênis de R$ 400,00 reais em cento e cinquenta e uma vezes no cartão.
Anyway, voltando às minhas maneiras limítrofes. Pode-se dizer que faz parte da – muito comum na adolescência – busca por uma identidade. Algo banalmente definido como "8 ou 80".
Não que eu goste de me vestir mal quando estou sozinha ou em situações casuais, mas simplesmente não vejo motivo para usar salto 15 dentro de casa ou indo até o mercado comprar frios. Mesmo porquê, não importa o quão fina eu posso tentar ser, ainda terei de aguentar o "Quantos grama de mortandela a senhora vai querê?".
Eu acho estranho, aliás, quando vejo mulheres overdressed para as situações em que se encontram. Criaturas sem senso nenhum indo para o aeroporto com legging mais justa do que o cinto da minha mãe no meio do mês.  Mil colares de metal barato, brincos que parecem enfeites para cerimônias indígenas e coisas do tipo.
Sou louca por roupas confortáveis. O que não quer dizer, também, que saio como uma mendiga. Enfim, vai tudo do termômetro "Desleixo - Vulgaridade". O que, assim como gaydar, algumas pessoas parecem ter nascido sem.
      O motivo para ter dito tudo isso? Bem, nem eu sei exatamente. Só quis devanear um pouco a respeito de minhas preferências antes de começar a discorrer a respeito de minhas atividades diárias. Digo, de minha atividade específica do dia de hoje.
Programa de Paulistano com menos de dezoito anos e pouco dinheiro nunca é muito diversificado. Shopping, parque. Parque, shopping. A não ser que, em "diversificar" você encaixe as diferentes personalidades que se encontra nos ônibus e metrôs do caminho a ser percorrido na maioria das vezes.
Mas eu já estou deprimida com essa vida no concreto. Como disse, não tenho ânimo para observar vitrines repletas de coisas que não tenho condições de pagar. A não ser, é claro, que algum desenhista bem equipado esteja comigo ou eu tenha uma câmera de boa qualidade, podendo copiar formas de bom gosto e levá-las para costureiras que as fariam por um preço muito mais em conta.
Quanto aos parques... Bem, pelos meus oitenta quilos já se nota que não sou uma pessoa que gosta muito de andar. E, mesmo se o fizesse, não adiantaria de muita coisa. Já tentei. Também detesto sol e calor. E São Paulo não colabora comigo. O clima nunca é definido. Quando a temperatura está favorável, vem uma chuva terrível direta do setor do paraíso que é contra as pessoas que usam chapinha e escova. Fora das possibilidades.
Então, o que fazer? Bem, vamos à mais uma de minhas descobertas após dezesseis anos vivendo aqui.
      Normalmente, quando quero ir ao cinema, tenho de voltar a considerar a opção do shopping.
Sinto até vergonha em afirmar que não fazia ideia. Mas é realmente parte da vida de quem está em uma cidade tão grande e raramente sai de casa. Nunca havia pensado, enfim, que os cinemas independentes ainda sobreviviam por aqui. E nem fazia ideia de que tinham um lucro tão bom com um público tão restrito porquê é mais do que óbvio que os cinemas atraem muita gente mais quando tem outros chamarizes. E lá estamos nós com as vitrines outra vez.
Mas eu estou salva!

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      Do Grupo PlayArte, o Cine Marabá. Ou Multiplex Marabá. Você escolhe.
Fiquei simplesmente encantada com o prédio. Muito confortável e bem decorado em uma mistura daquele delicioso estilo dos cinemas antigos com referências clássicas aos detalhes dos teatros mais conservadores de São Paulo.
Mármore brilhante a refletir os belíssimos lustres. Uma sala de espera com grandes espelhos e divãs de couro branco. Banheiros limpos. Carpete vermelho bem conservado, ótima iluminação, poltronas d-i-v-i-n-a-s e com muito espaço para aquelas pessoas que não aguentam mais ter de por os joelhos junto ao queixo para caber no espaço entre uma fileira e outra. Ah, claro, não podemos esquecer daquele delicioso cheirinho de pipoca que, cá entre nós, já faz parte da decoração.
Além de tudo isso, o cinema esta localizado a menos de trezentos metros da estação República e também conta com um ponto de ônibus logo em frente, como podem ver na imagem.

      Certo, certo. Tudo perfeito. Mas e o filme?
Bem, não teremos um Movie Suggestion porque eu não sou crítica de filmes, apenas faço uma sincera recomendação quando aprecio uma específica película ou sou surpreendida pelo potencial da mesma.
Não foi o caso.
      Just Go With It ou – em mais uma terrível adaptação de título – "Esposa de Mentirinha", nada mais é do que mais outra comédia romântica repleta de clichês deprimentes de tão repetitivos. O filme apenas é salvo por alguns momentos engraçados que, infelizmente, até perdem a graça em meio a tanta monotonia. E, também, pela única boa atriz presente, a bela Nicole Kidman que representa Devlin, em mais uma demonstração do quão grande é o seu talento e de como é seu dom de transformar-se em uma completa divergente pessoa para mostrar-se nas telas.
Adam Sandler, por sua vez, deve ter empolgado-se tanto com o personagem de cirurgião plástico que resolveu aplicar botox em si mesmo, ou alguma outra toxina que o deixou com uma completa ausência de feições. O que já não é tão fora do comum, visto que ele está com a mesma cara em todos os filmes.
Detesto atores que interpretam a si mesmos. E, até hoje, apenas pude apreciar poucos reais talentos que me emocionam com sua habilidade em ser um outro alguém de forma tão perfeita que conseguem apagar qualquer traço de outras representações e de suas reais personalidades.
Enfim, se ainda querem assistir o filme, vão em frente e tirem suas próprias conclusões.

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     Ah, sim. Esse é um dos motivos pelos quais volto a pensar que não me encaixo em muitos padrões femininos.
Detesto comédias românticas. Com o fundamento de que não tenho estômago para roteiros copiados a apelações tão visíveis que tornam-se deploráveis.
Espero poder assistir a um bom filme em breve, aí sim lhes farei um Movie Suggestion digno, right?
See ya, little monsters.

Carnaval (2)

domingo, 6 de março de 2011

     
Não, eu não estou voltando atrás em tudo o que disse. Essa postagem iniciou-se às duas horas e cinquenta e cinco minutos, após uma hora e vinte de sincera apreciação de um desfile de escola de samba.
A Unidos da Tijuca fez com que eu e o Math vibrássemos alegremente com cada detalhe em memória de aspectos de filmes que tanto amamos ou que são conhecidos mundialmente (Ou ambos). Paulo Barros revolucionou e levou com maestria tudo o que sonhou colocar em prática em sua – como diria o pessoal do IÉB: Megaputaquiparível –  obra "Esta Noite Levarei Sua Alma". 
Como a mensagem que passou-se na tela, durante o desfile: "Ele é um E.T.? De onde tira tanta criatividade?"


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O (riquíssimo e cheio de detalhes)  carro abre-alas

      Quase não tenho palavras.
Primeiramente não dei um tostão furado para a comissão de frente, mas não notei que comecei a ver quando já estavam completamente ajustados e, então, aplaudi o truque simples de deixar cair cabeças simplesmente porque a atuação dos componentes dava a magia necessária. Além de que, óbvio, eu tenho uma pequena quedinha por desmembramentos. Também amando a atuação do "Lanterninha" que me conquistou completamente com suas perninhas trêmulas.

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Cabeças cadentes

Tivemos um carro alegórico com tantos detalhes que chegava a atordoar. Almas brancas e uma imensa estrutura representando Caronte, o barqueiro. 
Transformers – cuidadosamente escolhidos por estatura – que usaram, no tripé, aquele truque já conhecido na internet da fantasia que, com um agachamento, torna-se em um perfeito carrinho.
Uma alegoria inteira baseada no filme Avatar, com direito a um imenso Toruk animado que, com suas asas, quase ocupava toda a avenida do alto. 
Capitão Gancho em uma ótima sacada, colocado de pernas abertas a equilibrar-se sobre a boca aberta de seu perseguidor crocodilo.
A loucura dos cinéfilos com clássicos muito bem representados. A abertura de Star Gate que trouxe a marcha de Stormtroopers e um Darth Vader (Bem notado pelo Math, aliás). Um carro alegórico que trazia as características de três dos quatro filmes de Indiana Jones, além do personagem principal em si a correr e saltar para escapar de uma pedra que rolava e escondia-se com explosões de pó branco. Fantasias a relembrar os Ghostbusters. Dezenas de componentes atuando como Freddy Krueger. Um tubarão que surgia entre trinta mil litros d'água e engolia um mergulhador em pleno desfile.

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 Pessoas a guiar velociraptors de mandíbulas animadas. Caracterizadas como personagens do filme A Múmia. Como Predadores. Como Robin Hood. Espantalhos assassinos. E até cento e trinta gorilas, dos quais 16 eram alpinistas profissionais que saltavam em cordas como parte da decoração viva do carro que relembrava "Nas Montanhas Dos Gorilas". 
Mas, confesso, dei especial atenção à ala de "Priscila, a Rainha do Deserto" e a seus componentes Drag Queens que equilibravam-se perfeitamente em saltos de dezoito centímetros, ladeando um ônibus purpurinado que ostentava um imenso scarpin que, por sua vez, elevava "Priscila", completamente iluminada com LEDs brancos a faiscar em sua fantasia.

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Sem contar, é claro, o meu momento de deleite como Potterfan. Um carro especial de laterais decoradas com Edwiges luminosas a segurar cartinhas nos bicos bem moldados. E, o principal, um estrutura bem desenvolvida que fazia com que uma enorme mesa com – se não me engano – trinta cadeiras elevasse-se a oito metros de altura e fizesse girar ao comando de Alvo Dumbledore enquanto os "alunos" mantiam-se sentados de queixos caídos.

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     O samba-enredo era contagiante, prendendo-se na ponta da língua como um bom sabor. Todo o sambódromo levantou-se para aplaudir e vibrou em motivação quando um dos únicos erros técnicos decorreu-se, elevando e ovacionando quando, finalmente, a mesma falha foi resolvida poucos minutos depois.
Juro nunca mais perder qualquer desfile da Tijuca enquanto Barros alí estiver para nos encher os olhos e o coração com a esperança de que o carnaval não resuma-se à decadência. 

       Fiquem com a sinopse de todo o enredo desenvolvido. 
Tenho certeza de que, em breve, poderão encontrar fotos do desfile pela internet e, especialmente, no site da escola.

Todas as noites vocês voltam. Arrastam-se até aqui, pagam, entram e, em pouco tempo, estão rezando para sair. Mas não há como desistir. Depois que embarcam, não têm mais forças para levantar antes de chegar ao final. Precisam saber como tudo vai terminar ou nunca mais encontrarão tranquilidade. Serão incapazes de permanecer sozinhos, tremerão a cada ruído, perderão os sentidos, vagando durante noites de pavor. Então, venham…

Entreguem suas almas, descubram suas fraquezas, encontrem o fim. Todos têm o mesmo rosto: a boca trincada, os olhos de espanto, as mãos frias, o medo de atravessar. Retorcem seus corpos nos assentos, não conseguem se mexer, sair do lugar, enfrentam cada etapa. Querem o escuro e o silêncio. Estão imóveis, apavorados, indefesos. A expressão de horror acompanha o choro, o lamento, o grito, o grunhido, a explosão, o ruído, as máquinas de destruição. A ameaça pode assumir qualquer forma. Pode estar em qualquer lugar. Alguns virão para defendê-los. A maioria virá para destruí-los…

E, através dos séculos, o desejo da conquista espalhará luta e sofrimento. E o mundo se dividirá entre os homens da guerra e os homens da paz. Algozes e vítimas. Senhores e escravos. Não importa onde: nas aldeias, nos campos, travam batalhas que derrubam corpos nas areias e pelas cidades; na Terra ou em outros planetas. Virão de todos os lugares. E vocês permanecem assim: assistindo a tudo, vendo cada cena e se emocionando. Segurando a espada e sentindo a dor do ferimento, a tristeza da perda, o temor do próximo ataque. De onde virá? Forças estranhas vêm do além, seres fantásticos atravessam o espaço devorando planetas. Nada sobrevive ao seu poder devastador.

Destemidos? Sim, mas até quando…

Talvez se vocês tivessem escolhido uma vida mais tranquila, no campo ou numa cidadezinha do interior… Será? Cada um colhe o que planta. E esse pode ser o começo do fim. Não adianta se esconder, ele vai te encontrar. E pode ser onde menos se espera. Nas brincadeiras divertidas da infância, na entrega ao riso fácil quando se desarmam as defesas. Na procura pelo segredo que jamais deveria ter sido revelado. Cuidado, lá se esconde o terror. Como se livrar dele?

A maldição, para alguns, deve arder na fogueira. Para outros, é preciso punir o mal, enfrentando aqueles que causam tristeza, morte e dor. Não importa. Herege ou bruxo, demônio ou santo, quem encontrar a resposta poderá ser a próxima ameaça a ser controlada.

Estão com medo… Por que ainda temem, se já embarcaram e não há mais nada a fazer? Já sentiram isso antes? Certamente, porque aqui estão. Então, prossigam… Vençam suas batalhas, enfrentem suas assombrações. Mas sem esquecer que elas voltam, sempre voltam… Por mais que vocês tentem se livrar, elas querem vingança e não desistirão. A maldição nunca será vencida, ela não termina, ressurge quando já não mais se acredita que possa existir. Vocês podem até se esconder e rezar. Mas não vão escapar. Quando a extinção termina, o desafio começa. Seres pré-históricos, violentos, abomináveis. Tenham medo, porque esse pode ser o último mergulho… Talvez eles sequer estejam vivos. Muito além da morte e da imaginação, haverá uma aventura que viverá por toda a eternidade. Sobrevivam a ela, se forem capazes. E, se não forem, peçam ajuda.

Podem acreditar que estarei sempre ao lado, espreitando… Aguardando o momento em que, exaustos, vocês desistirão. E se entregarão, sem luta, à impossibilidade.

Não sentem a brisa quente e o perfume delicioso dos frutos, só o calor sufocante? Desejam o descanso da longa travessia? Sofram, então, porque não é possível voltar. Esta viagem não tem retorno. Em pouco tempo, sentirão o peso dos grilhões, a dor da chibata, o sofrimento do exílio, o desejo pela liberdade.

Mas o que está acontecendo aqui? Não me obedecem? Por que continuam a resistir, se não haverá um só homem de pé que possa testemunhar tanta bravura? Todos irão comigo e desaparecerão. Novos tormentos virão, crueldade, ignorância, estupidez. Não querem aceitar o domínio? Não desistem jamais? Lutam contra a opressão, querem voltar para casa? Caminham juntos, aos milhares, aonde irão? Não percebem que não adianta? Ninguém voltou jamais, acreditem! Que força é essa a que assisto sem nada poder fazer? Como trazê-los de volta ao pesadelo? Pareciam tão frágeis ao menor sinal de tempestade, e, no entanto, renascem! Afinal, o que os assusta realmente? Pareciam mortos de medo, incapazes de reagir e, agora… Como ousam? Me enganam e zombam de mim? Para onde estávamos indo? Não podemos mais voltar porque, enfim, chegamos. Aqui estamos. Esperavam por nós.

E vocês se divertiam comigo esse tempo todo, não? Então, me enganavam? Mudavam sem que eu percebesse? Só agora entendi que me conduziam, faziam de mim personagem de um filme em que eu não poderia decidir o final. Nas telas ou na vida real, dominam a arte do começo sem fim. Recomeço. Aí estão, deixando para o futuro a ousadia de um passado sem medo. E, a cada ano, surgem novos personagens, novas histórias de lutas e glórias. De simplicidade e força. Porque têm a certeza de que o que está na outra margem é mais um motivo para eternizar a vida. A história de um povo de coragem, que possui o surpreendente poder de se reinventar. Fim?