Whatever it be

segunda-feira, 7 de março de 2011

      
Venho notando que não sou lá do tipo de mulher que se pode colocar no grupo do clichê original.
Lembro-me bem que, de tanto não ligar para assuntos femininos, aos onze anos disse algo como "Mas eu sou mulher" para uma de minhas amigas e a tal fulana me respondeu com um "Não, não é. Você é mocinha, mulher é só quando perde a virgindade". Na hora me veio um "Ah, tem isso também? O meu sexo não importa? Serei mulher apenas dependendo de outro homem, que maldita simbiose."
Digamos que estou na ramificação entre "Girly" e "Extremo oposto". Não gosto de ficar babando em diferentes lojas nas quais não posso entrar sem ficar constrangida pelo olhar reprovador dos vendedores que não suportam a frase "estou só dando uma olhadinha" como nesses lugares que vendem mercadoria com preço muito elevado para o padrão de vida dos moradores da região em que se situam.
Detesto ser avaliada pelo que visto. Pergunto-me, aliás, se minha aparência é tão mais suja do que a alma dessas pessoas que recebem menos de um salário mínimo mas compram um tênis de R$ 400,00 reais em cento e cinquenta e uma vezes no cartão.
Anyway, voltando às minhas maneiras limítrofes. Pode-se dizer que faz parte da – muito comum na adolescência – busca por uma identidade. Algo banalmente definido como "8 ou 80".
Não que eu goste de me vestir mal quando estou sozinha ou em situações casuais, mas simplesmente não vejo motivo para usar salto 15 dentro de casa ou indo até o mercado comprar frios. Mesmo porquê, não importa o quão fina eu posso tentar ser, ainda terei de aguentar o "Quantos grama de mortandela a senhora vai querê?".
Eu acho estranho, aliás, quando vejo mulheres overdressed para as situações em que se encontram. Criaturas sem senso nenhum indo para o aeroporto com legging mais justa do que o cinto da minha mãe no meio do mês.  Mil colares de metal barato, brincos que parecem enfeites para cerimônias indígenas e coisas do tipo.
Sou louca por roupas confortáveis. O que não quer dizer, também, que saio como uma mendiga. Enfim, vai tudo do termômetro "Desleixo - Vulgaridade". O que, assim como gaydar, algumas pessoas parecem ter nascido sem.
      O motivo para ter dito tudo isso? Bem, nem eu sei exatamente. Só quis devanear um pouco a respeito de minhas preferências antes de começar a discorrer a respeito de minhas atividades diárias. Digo, de minha atividade específica do dia de hoje.
Programa de Paulistano com menos de dezoito anos e pouco dinheiro nunca é muito diversificado. Shopping, parque. Parque, shopping. A não ser que, em "diversificar" você encaixe as diferentes personalidades que se encontra nos ônibus e metrôs do caminho a ser percorrido na maioria das vezes.
Mas eu já estou deprimida com essa vida no concreto. Como disse, não tenho ânimo para observar vitrines repletas de coisas que não tenho condições de pagar. A não ser, é claro, que algum desenhista bem equipado esteja comigo ou eu tenha uma câmera de boa qualidade, podendo copiar formas de bom gosto e levá-las para costureiras que as fariam por um preço muito mais em conta.
Quanto aos parques... Bem, pelos meus oitenta quilos já se nota que não sou uma pessoa que gosta muito de andar. E, mesmo se o fizesse, não adiantaria de muita coisa. Já tentei. Também detesto sol e calor. E São Paulo não colabora comigo. O clima nunca é definido. Quando a temperatura está favorável, vem uma chuva terrível direta do setor do paraíso que é contra as pessoas que usam chapinha e escova. Fora das possibilidades.
Então, o que fazer? Bem, vamos à mais uma de minhas descobertas após dezesseis anos vivendo aqui.
      Normalmente, quando quero ir ao cinema, tenho de voltar a considerar a opção do shopping.
Sinto até vergonha em afirmar que não fazia ideia. Mas é realmente parte da vida de quem está em uma cidade tão grande e raramente sai de casa. Nunca havia pensado, enfim, que os cinemas independentes ainda sobreviviam por aqui. E nem fazia ideia de que tinham um lucro tão bom com um público tão restrito porquê é mais do que óbvio que os cinemas atraem muita gente mais quando tem outros chamarizes. E lá estamos nós com as vitrines outra vez.
Mas eu estou salva!

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      Do Grupo PlayArte, o Cine Marabá. Ou Multiplex Marabá. Você escolhe.
Fiquei simplesmente encantada com o prédio. Muito confortável e bem decorado em uma mistura daquele delicioso estilo dos cinemas antigos com referências clássicas aos detalhes dos teatros mais conservadores de São Paulo.
Mármore brilhante a refletir os belíssimos lustres. Uma sala de espera com grandes espelhos e divãs de couro branco. Banheiros limpos. Carpete vermelho bem conservado, ótima iluminação, poltronas d-i-v-i-n-a-s e com muito espaço para aquelas pessoas que não aguentam mais ter de por os joelhos junto ao queixo para caber no espaço entre uma fileira e outra. Ah, claro, não podemos esquecer daquele delicioso cheirinho de pipoca que, cá entre nós, já faz parte da decoração.
Além de tudo isso, o cinema esta localizado a menos de trezentos metros da estação República e também conta com um ponto de ônibus logo em frente, como podem ver na imagem.

      Certo, certo. Tudo perfeito. Mas e o filme?
Bem, não teremos um Movie Suggestion porque eu não sou crítica de filmes, apenas faço uma sincera recomendação quando aprecio uma específica película ou sou surpreendida pelo potencial da mesma.
Não foi o caso.
      Just Go With It ou – em mais uma terrível adaptação de título – "Esposa de Mentirinha", nada mais é do que mais outra comédia romântica repleta de clichês deprimentes de tão repetitivos. O filme apenas é salvo por alguns momentos engraçados que, infelizmente, até perdem a graça em meio a tanta monotonia. E, também, pela única boa atriz presente, a bela Nicole Kidman que representa Devlin, em mais uma demonstração do quão grande é o seu talento e de como é seu dom de transformar-se em uma completa divergente pessoa para mostrar-se nas telas.
Adam Sandler, por sua vez, deve ter empolgado-se tanto com o personagem de cirurgião plástico que resolveu aplicar botox em si mesmo, ou alguma outra toxina que o deixou com uma completa ausência de feições. O que já não é tão fora do comum, visto que ele está com a mesma cara em todos os filmes.
Detesto atores que interpretam a si mesmos. E, até hoje, apenas pude apreciar poucos reais talentos que me emocionam com sua habilidade em ser um outro alguém de forma tão perfeita que conseguem apagar qualquer traço de outras representações e de suas reais personalidades.
Enfim, se ainda querem assistir o filme, vão em frente e tirem suas próprias conclusões.

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     Ah, sim. Esse é um dos motivos pelos quais volto a pensar que não me encaixo em muitos padrões femininos.
Detesto comédias românticas. Com o fundamento de que não tenho estômago para roteiros copiados a apelações tão visíveis que tornam-se deploráveis.
Espero poder assistir a um bom filme em breve, aí sim lhes farei um Movie Suggestion digno, right?
See ya, little monsters.

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