Feeling useless

domingo, 6 de março de 2011
       Adiando – muito momentâneamente – qualquer outra divagação ou objetividade, tenho de fazer uma pequena observação quanto à procrastinação que, no dia de ontem, chegou ao fim.
Yuri postou!

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Sim. Após, se não me engano, quase quatro meses, o rapazote finalmente foi agraciado com o bom espírito de livrar-se da minha cobrança diária. 
Agradeço à minha mãe pela capacidade que tenho de ser tão absurdamente enfadonha quando quero que algo seja feito. Sem essa genética, jamais teria conseguido adquirir tantos bens e favores de forma tão eficaz (ou nem tanto, visto o tempo que passou-se desde que foi anunciada a participação da tal criatura).
Mas, vamos a o que interessa. Ou não interessa, whatever.

   Desde que deixei o meu torpor infantil, passei a divagar mais profundamente sobre aquela conhecida questão "O que quero ser quando crescer?". Conforme o tempo passava, mais dificuldade tinha para encontrar a tal resposta e mais dúvidas surgiam a respeito do mesmo assunto.
Lembro-me que, naquela – não tão distante – idade, eu observava jovens em torno de seus dezesseis anos e meus olhos brilhavam pelo orgulho que sentia ao pensar no quão tão mais maduros e desenvolvidos eles poderiam ser. A emoção do que eu viria a descobrir quando alcançasse aquele patamar me era absurda. Pensava que a vida seria extremamente diferente e tão mais cheia de esclarecimentos.
Jamais imaginaria que, conforme os anos correm, a maioria dos seres humanos tende a deixar para trás várias de suas melhores qualidades. Pessoas emburrecem conforme avançam na grade escolar. A maturidade parece retroceder em ritmo acelerado mais e mais. 
Nunca me ocorreu, também, que passaria a maior parte de meu dia diante de livros e uma máquina. Choraria e riria com os olhos fixos em um monitor colorido. Que eu nunca deixaria de ser uma eterna defensora do que me orgulho. E que minha paixão seria lutar veementemente para garantir a posição do amor que pode surgir em suas tantas formas sem que sequer tenhamos visto um traço do rosto de quem queremos ter sempre por perto. Não pensei que eu seria do tipo de pessoa que sofre apenas por pensar e questionar de mais. Que afirma claramente que os infelizes são aqueles que não acomodam-se dentro de suas próprias vidas e limitações de conhecimento.  E, que, infelizmente, eu deixaria passar tanto tempo na tristeza que é não ter ciência de qualquer conquista enquanto observo tantas pessoas em suas singulares glórias.
O post de hoje é sobre este último tópico. Sobre a minha busca por fazer algo que, mesmo não abalando as estruturas da sociedade e mudando o mundo, seria-me um formidável e único acontecimento.
       Ontem, durante um dos generosos momentos em que a TV paga decide abrir seus canais para aqueles que não assinam a programação, fui apreciar um de meus canais favoritos ao qual, infelizmente e apenas por enquanto, não tenho tanto acesso quanto gostaria.
Meu pico de questionamentos iniciou-se com um documentário. Um soldado americano que, com uma .50 e munição penetrante de estilhaços de tungstênio, atirou uma única vez – sem enxergar os alvos e a mais de mil metros – contra uma parede de 23 centímetros de espessura, matando três rebeldes que preparavam uma metralhadora para atirar contra seus companheiros que estavam em campo aberto.
Logo depois, surgiu-me a história de Audie Murphy, um soldado magrelo que, com mais de vinte medalhas (Medalha de Honra, Purple Heart, Silver Star, Marksman Badge with Rifle Bar, Croix de Guerre da Bélgica e da França, Legion of Merit e a Purple Star) e um histórico de Guerra que inclui até subir em um tanque em chamas e usar a metralhadora do mesmo durante uma hora para aniquilar – sozinho – seus inimigos, é um dos homens mais "badasses" do qual já ouvi falar.
Lembrei-me também, nessa linha de guerreiros, de John Basilone. E de tantos outros heróis que fizeram loucuras quase humanamente impossíveis por suas próprias indubitáveis razões.
Mas não são apenas eles. Pessoas comuns que realizam feitos dos quais podem se orgulhar profundamente, independente do julgamento social que poderia avaliá-los como bons ou ruins. Pessoas que, individualmente, possuem uma glória particular. 
A minha mãe que, mesmo em profunda depressão, conseguiu dar-me boa educação e bom tratamento apenas por ela mesma. Um universitário  que, mesmo trabalhando arduamente e recebendo pouco, ainda consegue levar a faculdade com maestria e permite-se a dedicação à uma pessoa querida (Eu amo você, meu amor, não tem jeito). Um homossexual que finalmente consegue contar aos pais sobre o que realmente é e aguenta, de peito estufado, toda a crueldade do mundo. Uma mulher que, batalhando em um emprego e amando o homem com o qual se casou, ainda vira-se para escrever e proporcionar alegria para todas as pessoas que a acompanham virtualmente.
       Observando cada detalhe e o sentimento alheio por conquistas próprias, chego finalmente a o que sempre me ocupa o pensamento. O que eu fiz?
Um livro inacabado e mal-escrito? Um curso de japonês não-concluído? Um blog com pouquíssimos seguidores dos quais apenas dois mostram-se como leitores reais?
A minha ânsia por ser alguém que conseguiu satisfação é sufocante. Não consigo pensar em algo que eu poderia vir a fazer e, mesmo tendo prazer em saber que consigo amar muito mais do que outros seres humanos, nada me é suficiente para garantir esse extremo.
É aflitivo simplesmente sentir-me incapaz a todo instante. Não saber se sobreviverei o suficiente para ter tempo de conseguir formar qualquer esperança. 
E, a cada minuto, algo surge para me fazer sentir que tudo o que sou e tudo o que faço é horrível e sem valor.
Realmente. Está difícil ser assim. Pessoas dizem-me que tenho qualidades, mas as citadas são tão inúteis quanto comprimidos que emagrecem apenas quando em conjunto com exercícios rigorosos.
       Sei que meus pensamentos chegam à pouquíssimas pessoas. Mas eu gostaria de saber se mais alguém se sente assim. É egoísmo natural humano querer ter o sofrimento compartilhado. Afinal, estando sozinho tudo se torna muito mais complicado. 
Já nem sei mais o que me aflige. Já não sei organizar minhas palavras. Sinto-me perdida. E não há nada mais triste do que isso, para alguém que apenas quer encontrar-se no mundo.

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