Tendo recém acabado com o relaxante ritual de sorver – o mais ruidosamente possível – até a última gota de ovomaltine do interior da minha caneca especial estampada com gatos ruivos e, claramente, sentindo-me como a lamentável garota gorda que sempre acaba devorando toneladas de comida e chorando por saber que, irrefutavelmente, acabará sozi... Hey, eu conheço essa história de algum lugar.
Bem, desde que comecei a procurar por um emprego, as coisas tem sido um tanto quanto mais desesperadoras do que realmente são. Mesmo porquê, infelizmente, a consciência de que as oportunidades perdidas significam mais passos dados na direção oposta ao "Plano Maior" é muito perturbadora.
Todos ficaram sabendo do ajuste no salário mínimo, suponho eu. E, também, das leis que insistem em afirmar, de alguma maneira, a indignidade dos pobres escravos chamados "Estagiários". Porquê, claro, essa pessoa jamais teria de trabalhar mais do que as outras; nenhuma responsabilidade é direcionada sobre os ombros dela; ela não tem de lidar com a ausência de independência financeira e nem tem de dividir-se entre os estudos e o trabalho. Obviamente, como não havia notado? Estagiários não são seres humanos. De alguma forma, aliás, eles são tão baixos que não merecem ganhar por algo que fazem tão bem quanto qualquer outro alguém.
Anyway, quando realmente consegui a – tão sonhada – entrevista, absolutamente tudo começou a ruir, em uma fantástica contribuição do universo.
Desde o fato mais banal como a ausência de um guarda-roupas suficientemente satisfatório para tal situação; passando, também, por uma mãe solteira que não sabe lidar com problemas comuns e realmente consegue tornar tudo pior, até chegar em esquecimento de documentos, quedas na rua, atrasos absurdos, elevadores assassinos, desorganização, muitas lágrimas de ódio, transporte público decadente, falta às aulas com apenas uma semana de ano letivo e mais lágrimas.
Mas, acontece que a mesma mãe, de repente, desdobra-se para arranjar a tal roupa que ficaria bem, também desviando-se do próprio emprego para garantir uma carona de última hora; você conhece ótimas novas pessoas no local em que gostaria de trabalhar; um completo estranho lhe para apenas para comentar que você parece exatamente com a profissional que sempre desejou ser (não estamos falando de cortesãs aqui, buddies); alguém atraente te observa tão atentamente no ônibus que a sua auto-estima grita como uma groupie que acaba de ser tocada pelo ídolo ao qual dedica todo o seu fanatismo adolescente (ou não-adolescente. Nós sabemos, fãs de Justin Bieber. Nós sabemos.) insano.
Tudo parece muito melhor, certo? Exceto por aquela garoa bendita que deixa seu cabelo com um belo frizz vindo com carga total de 1990. Certo?
Errado!
Como, gostaria de citar, Matheus disse-me há não muito tempo:
Deus está brincando de "meme" comigo.
Toda vez que eu faço merda, dou uma de Rage Guy e pergunto se o dia pode piorar. Então ele dá uma de Challeng Accepted.
Não é?
Quer dizer, quem não adoraria escutar uma coisa dessas da pessoa à qual mais se dá surporte no mundo?
Simplesmente sinto-me lisonjeada quando pessoas que amo dizem coisas do tipo. Quase desfaço-me em lágrimas, tamanha a minha felicidade em saber que estou sendo tão útil e prestativa, ajudando essas pessoas a sentirem-se bem com as próprias vidas.
Ah, sim, continuando.
Chegar em casa e perceber que todos os planos que você tinha foram suprimidos por assaduras é algo maravilhoso. Nada contra assaduras, claro. Eu, você e os bebês da Hipoglós sabemos o quão difícil é lidar com esse tipo de mal.
Mas, francamente? Math, eu sei que você não gosta de andar e a ideia de fazê-lo todo dia por um ano também me é sufocante. Mas... Comprar uma moto?
Nós prometemos que guardaríamos dinheiro para comprar o nosso apartamento. Assim não precisaríamos de nenhum veículo não-natural para estarmos mais perto um do outro.
E eu sei que uma moto não tirará todo o seu dinheiro... Mas isso pode tirar a sua vida... E também tiraria a minha, porque você é a minha vida...
Entenda, eu quero o seu bem e quero dar liberdade para que tome suas decisões. Não estou mandando em você... Eu só tenho medo de te perder. E sei o quão teimoso você é... E sei que, em algum momento, você imaginaria que seria uma ótima ideia vir à São Paulo na sua moto... Aí eu teria que socar seu nariz logo quando terminássemos de dar o beijo de reencontro e isso arruinaria tudo...
Meu amor, entenda... Eu prefiro ter você com assaduras e pernas torneadas do que no interior de um caixão lacrado... E isso não é brincadeira.
Recuperando-me da crise de choro por memórias that I can't deal with, eu gostaria de dar um conselho à qualquer pessoa que queiraa compreender o sexo feminino.
Mulheres, por mais determinadas que sejam, são como homens, nesse quesito. Como qualquer ser que realmente precisa de conforto após dificuldades.
É isso... Afinal, não apenas para quem quer lidar com mulheres. Quem quer lidar com seres humanos. Pessoal, deem abraços, se puderem. Liguem para aquele alguém, mesmo se não quiserem um segundo encontro. Tenham dignidade de respeitar a dignidade dos outros. Façam valer os esforços que as pessoas fazem por você. Deixem-se ouvir, às vezes. Marquem encontros. Respondam mensagens. Tirem um dia de folga no trabalho apenas para poder se sentar ao lado desse alguém. Se não conseguem suportar mais a mesma reclamação rotineira, digam isso em vez de guardar e depois demonstrar de forma ruim.
Acreditem, tudo fica infinitamente melhor quando ambas as partes se sentem valorizadas.
Com certeza nenhum de vocês, Monstrinhos, gostaria de acabar assim. Chorando pelos cantos quando as pessoas simplesmente não notam que estam lá.
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