Confesso que, nesses exatos dezoito dias em que não deixei uma palavra sequer escapar e fluir para o blog, tive inúmeras ideias para posts. Muitas divagações de meus "momentos dourados", como diria Lestat.
Mas eu sofro de um pequeno mal que me impede realmente de mover-me sequer um centímetro. Não se chama preguiça e engana-se quem por assim toma.
Enfim, não importa como é nomeado. O fato é que às vezes não me sinto em condições de comer ou levantar para, ao menos, beber algo. Pentear os cabelos e me cuidar, aliás, nem me passam pela mente. Quem dirá escrever e até mesmo... Respirar.
Quem sofre do mesmo mal sabe do que estou falando e como é torturante a sensação de ter essa limitação psicológica em certos momentos, mas já direi como me senti esse tempo todo. Sugiro que, quem pensa em sequer me chamar por qualquer nome pejorativo (ou simplesmente retardadamente comparativo) que envolva pessoas sensíveis de mais, deixe o blog. Desde o começo eu disse para que servia esse meio de comunicação, não querendo ser rude.
Sofro decepções constantemente. Constantemente, por sinal, significa algo muito além do normal com o qual qualquer pessoa poderia até se acostumar. É usual, afinal.
Mas eu tendo a me preocupar e dar esperança à coisas simples de mais que, mesmo eu tendo certeza do final ruim, continuo a tentar crer em uma outra possibilidade.
Talvez eu ache que minha esperança surtirá efeito e que alguém ouvirá meu pedido em algum lugar. Nem que seja uma resposta de enegeria enviada cosmos. Qualquer coisa que pudesse mudar o triste fato bem percebido pelo meu subconsciente atento além do consciente benevolente. Ou cínico, vá saber.
Uma dessas decepções recentes foi o banho gélido de compreensão final que me mostrou o que eu já sabia há tempos.
Podem contradizer, mas existem pessoas que realmente nascem com uma certa facilidade para algo específico. O que muitos chamam de dom e que eu prefiro não nomear de tal forma pois não creio em um poder tamanho. Apenas um certo impulso que traz uma maior habilidade. Habilidade.
Não que você seja completamente predestinado e não possa mudar um destino fatídico que te prenda a algo que não gosta mas sabe fazer. Tenho certeza, aliás, de que o ser humano é capaz de tudo se estiver disposto a tal.
E isso é o que me faltou, afinal. A disposição essencial e a garra para o específico fim.
Não pensem, porém, que sou uma pessoa de fácil desistência. Normalmente minha perseverança chega a ser assustadora, mas não sou burra. Não sou burra e tenho esse deficiência amplificada de não conseguir crer em algo que não mostra frutos rapidamente. E que, também, passa a ser um objetivo tão etéreo que, enfim, não precisa e não deve ser alcançado.
Abandonei meu curso de violoncelo pelos motivos citados anteriormente e, apesar de ter total consciência dos mesmos, não deixei de sentir dor por isso.
Fosse pela decepção por minha própria falta de habilidade ou pela decepção de todos aqueles que acreditaram em mim. Eu sofri. E continuo a sofrer. Principalmente porque alguém foi insensível a ponto de colocar a própria decepção à frente de todos os meus motivos lógicos e emocionais. Algo que minha própria mãe, que estava a pagar e sonhava com o resultado dos estudos, nem pensou em fazer.
Essa pessoa pela qual tanto lutei... Céus, deveria ser a mais consciente de todo o meu modo de ser. Testemunhou e protagonizou toda a história de dificuldades. Mas, como tudo o que fez durante o período de tormenta, negligenciou o simples fato de que eu não podia mais suportar a tristeza de insistir em algo que me fazia mal por não responder.
Ela mesma era assim, afinal. Em escala tão pior do que um belo instrumento musical. Um amor que foi muito além da paixão pela música. E que foi correspondido de forma errada.
Nunca neguei minha carência que cresceu comigo e não parou mais em um rompante desenfreado. Mas nem por isso exigi de mais das pessoas. Exigi algo além do que lhes cabia.
Tudo o que quis dessa pessoa estava ao mero alcance de suas mãos. Algo que não poderia custar mais do que um telefonema no momento certo. Nos muitos momentos certos.
Uma falta na escola que nem ao menos contaria. Por um motivo que definiria todo o continuar do que passamos.
E a indolência, o pecar nessas mínimas ações e as lacunas se acumularam de tal forma que eu, apesar de continuar com uma fé que nunca me pareceu realmente minha, não consegui mais suportar. E fui apoiada, enfim, por todos que percebiam a nitidez que era o sofrer por um amor que parecia ter uma proibição de algum lugar que me era inatingível.
De fato noto que, com todo o desenrolar de uma trama ilusoriamente inextricável, aquele ser – pelo qual tanto lutei por antes simplesmente brilhar aos meus olhos e possuir todo o meu amor e sanidade num aperto frágil de mãos – tornou-se em uma sombra do que antes fora. E, quando lhe disse isso, revoltou-se de tal forma que parecia não ter sequer dado atenção à todas as vezes em que anunciei aos quatro ventos o rumo que tomava o nosso caminhar irregular.
A estranha sensação de que faltaram muitas coisas. De que ainda existem muitas lacunas que não preencheu e não irá preencher. As memórias, talvez. Tudo isso o mantém em meu coração de uma forma que não posso explicar e confesso ainda esperar que surja em frente à minha porta como nunca antes fez em meus mais agonizantes momentos de desalento. Confesso que ainda aguardo um simples recado no orkut ou um e-mail, apenas... Tão menos do que realmente deveria para desculpar-se por distorcer todas as minhas palavras de desespero e torná-las em um ciúme fictício por uma pessoa que nada tem a ver com isso.
A estranha sensação de que faltaram muitas coisas. De que ainda existem muitas lacunas que não preencheu e não irá preencher. As memórias, talvez. Tudo isso o mantém em meu coração de uma forma que não posso explicar e confesso ainda esperar que surja em frente à minha porta como nunca antes fez em meus mais agonizantes momentos de desalento. Confesso que ainda aguardo um simples recado no orkut ou um e-mail, apenas... Tão menos do que realmente deveria para desculpar-se por distorcer todas as minhas palavras de desespero e torná-las em um ciúme fictício por uma pessoa que nada tem a ver com isso.
Como disse em nossa última conversa, não vim ao mundo para doutrinar quem quer que fosse. E nem para fazer mudanças exacerbantes na realidade que conhecemos. Mas eu tentei, tentei muito mais além do que poderia. E se, enfim, nada consegui fazer para alterar qualquer mínimo traço dessa terrível repetição, sinto muito.
Falhei. Falhei em ter esperanças e insistir. Falhei em ser diferente daqueles que apenas virariam as costas. Falhei em achar que poderia ser o motivo para que mudasse.
Perdoe-me pelas falhas. O pequeno monstrinho ainda é humano de mais para livrar-se das possibilidades de erro.
2 comentários:
Deu vontade de chorar ao ler esse texto. Eu já desisti de um curso, e sei como é um ruim, sei lá... Fica um vazio dentro da pessoa e com uma pergunta que nunca vamos conseguir responder: "E se eu estivesse lá...". É algo ruim, que passa e depois vem. Tento esquecer de vez em quando, e tudo desmorona de uma vez. Eu me arrependo, mas ao mesmo tempo não. Acho que entendo a sua situação, não sobre tudo, mas uma pequena parcela. Uma mínima, talvez.
É o grande problema da vida. Você nunca saberá se foi melhor tomar uma decisão ou se teria sido mais conveniente escolher a outra opção. Mas, realmente, se formos parar para sentir pesar a cada novo caminho, enlouqueceremos. O jeito é fazer o máximo possível para ter consciência de que já não há mais como voltar aquele ponto anterior e seguir sem arrependimentos.
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